Há alguns anos, falar em fiscalização do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), da Prefeitura de Divinópolis, por meio da Secretaria Municipal de Agronegócio (Semag), era sinônimo de apreensão. Muitos produtores associavam o órgão à punição. Hoje, esse cenário mudou: a equipe, antes vista como vilã, é recebida como parceira — promotora de segurança alimentar e impulsionadora do crescimento da agroindústria.
Um exemplo é José Márcio Zanardi. Com o apoio do SIM, ele conquistou o Selo Artesanal e passou a comercializar sua tradicional carne na lata em todo o Brasil. Descendente de italianos, o produtor resgatou a receita familiar como fonte de renda. Os suínos criados soltos na comunidade do Quilombo, sem uso de hormônios, dão origem a um produto artesanal que valoriza a cultura e os saberes antigos. “Esse selo abriu portas e garantiu a qualidade do nosso trabalho”, afirma.
Outro caso de sucesso é o de Giliard Ribeiro da Silva. Ele comercializa cerca de 11,7 toneladas mensais de tripas salgadas para embutidos e já investe para triplicar a produção. No início, via as fiscalizações com receio. Hoje, enxerga o SIM como base para o crescimento. “Seguir as orientações facilita conquistar novos mercados. O selo traz credibilidade e segurança”, diz.
Giliard conta com 18 funcionários e já prepara novas contratações. Com o apoio do SIM, ele planeja alcançar o mercado nacional por meio do selo SISBI-POA. O agro cresce — com qualidade, legalidade e geração de oportunidades.
O papel do SIM na segurança dos alimentos
Os depoimentos mostram como o SIM é fundamental na proteção da saúde pública e no fortalecimento da produção rural. O órgão é responsável por fiscalizar e certificar estabelecimentos que beneficiam alimentos de origem animal no município, garantindo que os produtos cheguem à mesa do consumidor com segurança e qualidade.
O selo SIM atesta que o alimento passou por inspeções rigorosas e cumpre normas higiênico-sanitárias. Essa certificação permite a comercialização no município e abre portas para feiras, mercados, escolas e programas públicos de segurança alimentar. Além disso, o SIM oferece suporte técnico aos produtores, orientando sobre adequações estruturais, rotulagem correta, capacitação de equipes e boas práticas de produção. “É um trabalho que favorece o agronegócio e a população. Quando os produtores se dão conta disso, todos ganham e o resultado vem”, explica a fiscal médica veterinária do SIM, Jamila Palhares.
Principais desafios
Ainda assim, as fiscalizações revelam desafios recorrentes. Muitos produtores veem o SIM apenas como órgão punitivo, desconhecendo seu papel colaborativo. A falta de estrutura em alguns estabelecimentos, a ausência de programas de autocontrole, rótulos com erros ou dados incompletos e falhas nos processos internos comprometem a regularização. Problemas como gestão financeira precária e escassez de mão de obra qualificada também dificultam a conformidade com a legislação.
As áreas mais críticas concentram estabelecimentos clandestinos que operam sem registro, em locais improvisados e sem condições sanitárias mínimas. Queijos, linguiças e carnes defumadas são frequentemente encontrados sem selo, procedência ou rótulo, principalmente em feiras e comércios informais — o que representa risco real à saúde da população. Alimentos manipulados sem controle sanitário podem transmitir doenças como tuberculose, listeriose, toxoplasmose e salmonelose, com consequências graves, inclusive neurológicas. Portanto, a inspeção sanitária impacta, inclusive, na prevenção da saúde pública.
Por outro lado, os avanços são notáveis. Exemplos como os dos produtores Simão e Giliard aumentam a cada dia, e as fiscalizações, para quem quer expandir, são vistas como oportunidade de adequação para alavancar o agronegócio. Atualmente, o município trabalha para aderir ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), que permitirá a comercialização dos produtos divinopolitanos em todo o país.
Mais que um órgão de fiscalização, o SIM é uma ponte entre as agroindústrias e a cidade. Ao promover alimentos seguros e impulsionar o pequeno produtor, valoriza o trabalho rural, fortalece a economia local e protege a saúde da população. Caminhar dentro da legalidade é, sem dúvida, o melhor caminho — para todos.