Ir para o conteúdo

A Prefeitura de Divinópolis, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semac), realizou na noite desta quarta-feira uma das celebrações mais emocionantes já vividas na Praça do Santuário, em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra. A data, marcada historicamente pela reflexão, também se tornou um momento de exaltação da força, da beleza e da resistência do povo negro, em especial das mulheres que, ao longo dos séculos, abriram caminhos, sustentaram comunidades e inspiraram gerações com coragem e determinação.

A programação foi construída em parceria com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semds), reunindo moradores, líderes comunitários, artistas, homenageadas e famílias inteiras que transformaram a praça em um grande cenário de afeto, pertencimento e reconhecimento. Sob o tema “A Mulher Negra e seu papel na história de luta e resistência”, o evento relembrou trajetórias que sustentam Divinópolis e dialogam com a história de Tereza de Benguela, liderança quilombola que, por mais de duas décadas, guiou seu povo com firmeza e sabedoria no Quilombo do Quariterê.

A noite ganhou ainda mais significado com a terceira edição do Prêmio Mulher Negra, que homenageou 24 mulheres indicadas por entidades e secretarias representadas no conselho. Cada uma delas simbolizou, com sua trajetória singular, o que significa resistir, transformar e inspirar, num gesto coletivo de reconhecimento à presença marcante das mulheres negras nos espaços sociais, culturais, profissionais e comunitários da cidade.

O público também se emocionou com o retorno do Coral Afro Undarirê aos palcos após vinte e cinco anos. Fundado em 1989 e profundamente influenciado pela Casa Congai, o grupo, dirigido por Vicente Santos, resgatou memórias, ritmos e sentidos da ancestralidade africana que ecoam até hoje nas manifestações culturais de Divinópolis. Logo depois, a apresentação de Valdez Generoso, ao lado do grupo Divino Batuque, trouxe sambas autorais e clássicos da música brasileira que fizeram da praça uma grande celebração da arte negra, carregada de emoção e alegria.

Momentos marcantes 

Um dos momentos mais marcantes da noite ocorreu quando foi lida a mensagem enviada pela prefeita Janete Aparecida. Mulher negra, cuja trajetória pessoal e pública é marcada pela luta pelo fim do racismo e pela defesa da igualdade, Janete não pôde estar presente devido a compromissos previamente assumidos, mas fez questão de enviar palavras que emocionaram e foram recebidas com forte aplauso pelo público. Sua mensagem reforçou a importância da ancestralidade, do orgulho da identidade negra e da ocupação de todos os espaços da sociedade. Em um trecho que marcou profundamente os presentes, ela destacou: “Sabemos que não se nasce racista, mas se ensina diariamente como se tornar. E que a única maneira de mudar isso é exatamente lutarmos todos os dias para colocar o fim em atitudes, atitudes deploráveis que machucam, que matam nosso povo preto, através de piadas, brincadeiras, desrespeito, desigualdade e violência.”

O secretário de Cultura, Mardey Russo, destacou que a celebração não se limitou a uma atividade cultural, mas representou um ato de reconhecimento histórico e afetivo à força da cultura negra e ao protagonismo das mulheres homenageadas. “A cultura negra é base da nossa identidade enquanto povo, e valorizar essa ancestralidade é também valorizar o futuro que queremos construir”, declarou.

Representando a Semds, a diretora de Direitos Humanos e Políticas sobre Drogas, Sandra Guimarães, lembrou que a luta antirracista deve ser contínua. “A gestão municipal segue empenhada em construir políticas públicas que valorizem a diversidade, promovam inclusão e combatam todo e qualquer tipo de discriminação”, disse.

No Dia da Consciência Negra, a Prefeitura renovou seu compromisso de ampliar ações, fortalecer espaços de diálogo e construir, junto com a população, um caminho onde o combate ao racismo não seja apenas uma pauta, mas uma prática diária sustentada por coragem, memória, afeto e responsabilidade social.