A Prefeitura de Divinópolis, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e do Serviço de Assistência Especializada (SAE) / Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), realizou na quinta-feira (30/10), no auditório da Settrans, uma capacitação sobre o manejo clínico da sífilis adquirida, voltada para médicos e enfermeiros da Macrorregião Oeste. A iniciativa reforça o papel de referência do SAE/CTA de Divinópolis, que atende 54 municípios além da cidade-sede, oferecendo cuidados especializados no tratamento de infecções sexualmente transmissíveis.
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum . Apesar de ser uma doença antiga, ainda representa um importante desafio para a saúde pública. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual desprotegido, mas também pode acontecer da mãe para o bebê durante a gestação. A doença se manifesta em diferentes estágios e, quando não tratada, pode causar complicações graves, como neurossífilis e sífilis ocular. O diagnóstico precoce e o tratamento com penicilina benzatina são fundamentais, assim como o tratamento dos parceiros sexuais, para evitar a reinfecção.
A médica infectologista Natália Archanjo Vasconcelos Chaves, responsável pela capacitação, conduziu os participantes em um conteúdo abrangente que incluiu conceitos básicos, classificação clínica, fluxogramas práticos de diagnóstico e orientações sobre manejo terapêutico e seguimento ambulatorial. Durante a apresentação, ela trouxe um panorama dos casos confirmados em Divinópolis e região, com destaque para os registros em gestantes. "A forma como se classifica a sífilis é o que vai guiar o tratamento. É muito importante que o diagnóstico clínico seja correto para fazermos o melhor tratamento possível. Precisamos eliminar a transmissão vertical, tratando não apenas a gestante, mas também o parceiro", alertou a especialista. Foram apresentadas as diferentes manifestações da doença — incluindo neurossífilis, sífilis ocular, sífilis secundária e sífilis latente — e discutidas ações estratégicas na Atenção Primária, com análise de casos clínicos reais.
A médica Nayara Carolina de Souza Viana, de Cana Verde, destacou a relevância da iniciativa. "Está sendo muito gratificante participar e extremamente proveitoso para o nosso crescimento, tanto profissional quanto pessoal. Estamos adquirindo mais conhecimento sobre a sífilis, uma doença muito séria e que, muitas vezes, não é divulgada como deveria — tanto sobre as formas de transmissão quanto sobre os cuidados que devemos ter com nossos pacientes."
O enfermeiro Lucas Eduardo Gonçalves Rios, de Araújos, trouxe a perspectiva de quem atua diretamente na linha de frente. "É muito bom se informar sobre formas de prevenção, transmissão e tratamento. Na atenção primária e secundária, isso faz toda a diferença", afirmou. Ele também chamou atenção para um ponto importante do diagnóstico: "Os sintomas da sífilis secundária são muito semelhantes aos de uma gripe, como dor de ouvido, dor de cabeça, febre. Isso abre uma porta para termos uma segunda opinião. Às vezes, a pessoa pode estar com sífilis apresentando esses sintomas, e o profissional pode acabar tratando apenas como se fosse uma gripe", alertou.
A capacitação representa um avanço importante no fortalecimento da rede de saúde regional, qualificando profissionais para o enfrentamento de uma doença que, embora curável, ainda apresenta números preocupantes. Com o SAE/CTA de Divinópolis como referência para dezenas de municípios, iniciativas como essa garantem que o conhecimento técnico alcance toda a macrorregião, beneficiando milhares de pessoas.
O uso de preservativo em todas as relações sexuais continua sendo a principal forma de prevenção da sífilis. Gestantes devem realizar o pré-natal adequadamente, com testagem para a doença, e qualquer pessoa sexualmente ativa pode procurar as unidades de saúde para realizar testagem gratuita. O SAE/CTA de Divinópolis oferece testagem, aconselhamento e tratamento sem custo, sendo referência no cuidado especializado à população de toda a região.
A mobilização dos profissionais de saúde em torno do tema demonstra o compromisso da gestão municipal com a saúde pública e reafirma Divinópolis como polo regional de excelência no atendimento e cuidado à população.