Uma imprudência inqualificável foi responsável por interromper a assistência espiritual do capelão militar Frei Orlando na segunda guerra mundial. Documentos do Arquivo Público, setor vinculado à Secretaria Municipal de Cultura (Semc), tem detalhes da morte do religioso, que passou por Divinópolis e deixou saudades. No dia 20 de fevereiro, completam 68 anos que o frei morreu nos campos de batalha da Itália, numa imprudência dos companheiros de guerra.
O religioso nasceu em Morada Nova, na região central de Minas Gerais, em 1910. Em 1924, fez estudos ginasiais no Seminário Menor dos Padres Franciscanos, onde funciona atualmente o Museu Histórico de Divinópolis, de acordo com o livro “Divinópolis com Amor e Humor”, do escritor José Dias Lara. Foi para a Holanda no sexto ano de seminário. Em 1937 foi ordenado sacerdote em Belo Horizonte e veio para Divinópolis. Um ano depois, foi nomeado padre espiritual do Colégio Santo Antônio, em São João Del-Rei.
Com o início da segunda guerra mundial, Frei Orlando foi para a Itália. “Passou a alimentar a ideia de poder servir espiritualmente aos soldados no campo de batalha”, destacou José Dias Lara.
Cinco meses depois, nos campos de batalha, a trajetória do capelão foi interrompida acidentalmente pelos próprios companheiros de guerra, em 20 de fevereiro de 1945. “Em companhia de dois oficiais passaram por atalhos sinuosos. A certa altura, uma grande pedra lhes impedia a passagem. Frei Orlando logo desceu da viatura para aliviar a remoção. E o partigiano [combatente], de uma imprudência inqualificável, tentou remover a pedra com sua carabina fazendo de alavanca. Ideia infeliz. A arma disparou e uma bala mortal foi alojar-se no pulmão de Frei Orlando, perfurando o coração”, descreveu Dias Lara.