Iniciativa da Semusa fortalece fluxos de cuidado, capacita equipes e aprimora a articulação entre saúde, educação e assistência social
A Prefeitura de Divinópolis, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), apresentou nesta quarta-feira o Protocolo de Atenção a Crises Psíquicas de Crianças e Adolescentes, um documento construído de forma integrada entre diversas áreas da administração municipal e que inaugura um novo momento para o cuidado em saúde mental no município. A iniciativa consolida diretrizes técnicas, define fluxos de atendimento e amplia a articulação entre os serviços, fortalecendo a capacidade da rede de identificar, intervir e acompanhar situações de crise de forma humanizada, segura e coordenada.
Durante a apresentação, equipes da saúde, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semds) e das instituições de acolhimento acompanharam o detalhamento das orientações que passará a nortear a atuação dos profissionais. O protocolo estabelece parâmetros de identificação rápida da crise, orienta sobre a avaliação do ambiente, propõe condutas baseadas no diálogo e na escuta qualificada e organiza a atuação dos serviços de urgência. Também reforça que cada criança e adolescente é único, o que exige sensibilidade, cautela e respeito às singularidades de cada caso.
O diretor de Atenção Secundária da Semusa, Geraldo Magelo, explicou que o município enfrentava uma lacuna, já que não havia, até então, um documento que definisse com clareza os passos a serem seguidos diante de situações emergenciais envolvendo crianças e adolescentes em situação de crise. Ele destacou que o protocolo nasce da necessidade de dar segurança às equipes e às instituições que diariamente convivem com esse público, sobretudo as casas de acolhimento, que por vezes tinham dificuldades em compreender qual serviço deveria ser acionado, qual fluxo deveria ser seguido e de que maneira agir com segurança. “O novo instrumento organiza o cuidado, fortalece a integração entre secretarias, em especial as de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, e assegura que cada atendimento ocorra no momento certo e pela equipe adequada, contribuindo para a prevenção de agravamentos e para a construção de um ambiente de proteção”, explicou.
A vice-prefeita Janete Aparecida ressaltou que o avanço só se tornará efetivo se estiver ao alcance de toda a rede e destacou a necessidade de capacitar os profissionais atuantes nas áreas de saúde, educação e assistência social. Janete salientou que é preciso trabalhar os setores de maneira estruturada, iniciando pela formação de diretores e servidores da educação e, posteriormente, levando o conhecimento para toda a comunidade escolar. Ela enfatizou que a atenção primária deve ser incluída de forma ativa no processo e lembrou da importância do Projeto Olhares, que já atua na identificação de situações de vulnerabilidade e de sinais iniciais de sofrimento psíquico no ambiente escolar. “O sucesso será resultado do trabalho conjunto das equipes, da capacidade de colocar o protocolo em prática e de garantir o atendimento humanizado a todos que necessitarem”, disse.
Sobre o protocolo
O protocolo apresentado detalha que a identificação da crise deve ocorrer de forma rápida, em um intervalo de cinco a dez minutos, respeitando sempre o consentimento do usuário e a manutenção de um ambiente seguro. As orientações incluem o uso de técnicas de abordagem dialogada, a análise rápida de sinais clínicos e contextuais, a observação de possíveis riscos de autolesão ou agressividade e a comunicação precisa com o Serviço Móvel de Urgência (Samu) quando necessário. Também foram reforçadas as condutas relativas à contenção involuntária, que só deve ser utilizada em situações de risco iminente, sempre preservando a integridade e a dignidade do indivíduo.
A Semusa informou que a publicação do protocolo será acompanhada por um amplo processo de capacitação. Em um primeiro momento, as equipes da própria secretaria e das casas de acolhimento receberão treinamento intensivo, seguido pela formação dos profissionais da educação e de outros setores municipais. A proposta é disseminar o conteúdo por toda a rede, consolidando o entendimento de que a prevenção depende da capacidade coletiva de reconhecer sinais precoces, agir de maneira acolhedora e encaminhar corretamente cada situação.
A apresentação marcou um avanço significativo para Divinópolis na organização do cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes. As equipes presentes destacaram a relevância de construir instrumentos que permitam evitar crises severas e garantir que todas as crianças, independentemente do território onde vivem ou do serviço que acessam, tenham direito a um atendimento digno, ágil e integral.