Pelo menos 400 pessoas, entre usuários, familiares, técnicos em saúde, estudantes e população de um modo em geral, participaram na manhã desta quarta-feira (18/05) da passeada em comemoração ao Dia Nacional de “Luta Antimanicomial”. A passeata teve início às 9h da manhã e saiu do Servico de Referencia Em Saude Mental (Sersam) até o Teatro Municipal Usina Gravatá onde foram realizadas outras atividades.
A passeata é o ponto alto de uma programação realizada ao longo dessa semana como o objetivo de fazer uma reflexão das conquistas obtidas ao longo dos anos em defesa da “Luta Antimanicomial”.
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial foi instituído após profissionais da saúde mental – cansados do tratamento desumano e cruel dado a usuários do sistema psiquiátrico – organizarem um manifesto público a favor da extinção dos manicômios durante o II Congresso Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental realizado em 1987, na cidade de Baurú/SP. Naquela manifestação, nasceu o movimento.
“Trata-se de uma data nacional em que nós comemoramos todos os avanços na reforma psiquiátrica. O Brasil tem um histórico muito triste de desumanidade aos pacientes portadores de sofrimento mental nos antigos manicômios. Esse histórico está guardado na memória dos profissionais de saúde e foram os funcionários do sistema de saúde que iniciaram o movimento da reforma psiquiátrica na tentativa de humanizar o tratamento dos portadores de sofrimento mental”, explica a terapeuta ocupacional do Sersam, Gisele Eleuotério Oliveira.
Durante a passeata foram apresentados cartazes e faixas alusivos com a intenção de chamar a atenção da comunidade para esta discussão. “Foi preciso muita luta até aqui para romper com a lógica manicomial e, é por isso, que comemoramos em grande estilo o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Para que não haja retrocessos essa batalha continua cotidianamente, envolvendo os usuários dos serviços, seus familiares, os profissionais e a sociedade como um todo”, a diretora de Saúde Mental, defende Elzi Oliveira.
Para o psicólogo Ataíde Fonseca Azevedo defende a mobilização de todos os atores envolvidos no sistema público de saúde que acolhe as pessoas com transtorno mental e também dos dependentes químicos e outras drogas.
“O 18 de maio é um dia de referência para dar visibilidade ao portador de sofrimento mental. Às vezes a comunidade e a cidade não tem uma visão de como o tratamento do portador de sofrimento mental é feito e a Luta Antimanicomial vem para dar essa visibilidade”, diz.
O Centro de Atenção Psicossocial especializado em álcool e outras drogas, CAPS AD, também participou da passeata na manhã de hoje. O gerente desta unidade, Antônio Cristiano Barreto, também destacou a importância do movimento.
“O dia de hoje, e todas as conquistas obtidas ao longo do tempo, são a razão da existência desses serviços substitutivos a internação hospitalar que são o objetivo da existência dos CAPS”, reforça Cristiano.
Agenda
Até sexta a programação em comemoração “Luta Antimanicomial” terá várias atividades. São oficinas, palestras e exposições que serão realizados em espaços distintos.